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quinta-feira, outubro 20, 2011

Policiais do Bope estão esculachando moradores da Maré

Tudo indica que até o final do ano o maior complexo de favelas do Rio -- o da Maré -- na Avenida Brasil será a 19a área da cidade a ser beneficiada pela implantação de mais uma Unidade de Polícia Pacificadora. A estratégia da Secretaria de Segurança Pública é ocupar paulatinamente a região onde 130 mil pessoas vivem em 16 favelas e conjuntos habitacionais que têm pelo menos 70 anos. Embora esteja a poucos quilômetros do Centro do Rio, a região foi abandonada pelo poder público, o que acabou facilitando a formação de um corredor de favelas dominadas por várias facções do tráfico de drogas no Rio. A região é um território conflagrado, onde a guerra do tráfico já matou mais de 50 pessoas há dois anos. Há duas semanas postos de saúde na região foram fechados por três dias em consequência de tiroteios que colocam em risco a comunidade. Anunciada pelo então comandante do 22o BPM (Maré), o mesmo oficial da PM agora encarcerado sob a acusação de ter sido o mentor do assassinato da juíza Patrícia Acioli, a medida foi suspensa pela Secretaria estadual de Saúde.
A ocupação da Maré vai ocorrer quando for implantada a nova sede do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), que está de mudanças para aquela região. Para preparar a transferência de seu quartel-general, a tropa de elite já está acampada dentro do 22o Batalhão, que também havia sido levado para aquela área no final da década de 90 com o objetivo de conter as ações de traficantes na Linha Vermelha, a principal ligação entre o Aeroporto Internacional do Rio e a Zona Sul da cidade, alvo de vários assaltos e arrastões.
Está tudo muito bem, está tudo muito bom. Mas as informações que recebo da área da Maré constam que integrantes do Batalhão de Operações Especiais podem estar fazendo a coisa errada, na forma como estão iniciando a ocupação da região. Recebi denúncias graves de que os policiais estão esculachando moradores, no afã de pressionar os bandidos da área. Os "caveiras" estariam tocando o terror em gente trabalhadora, que não tem qualquer ligação com o crime. Os policiais, segundo essas denúncias, estariam invadindo residências sem arrombar as portas -- empregando técnicas de operações de inteligência, como o uso de chaves mixa -- e até saqueando pequenos comerciantes. Infelizmente os moradores não confiam na polícia o suficiente para encaminhar as denúncias para a corregedoria interna da PM. Isso é muito comum em áreas de favelas onde os bandidos controlam tudo.
Cabe à corregedoria se movimentar e buscar a origem dessas denúncias. Antes que o trabalho de ocupação da Maré seja totalmente comprometido.

Fonte: Repórter de Crime

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