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domingo, fevereiro 05, 2012

Golpes indicam sentimento de culpa e autoflagelação

Golpes indicam sentimento de culpa e autoflagelação

Corpo do empresário Djalma Brugnara, suspeito de matar a mulher Ana Alice, foi atingido por 28 golpes de faca


REPRODUÇÃO FACEBOOK
Djalma
Corpo do empresário foi encontrado em um motel, na última quinta-feira
Os 28 golpes de faca -22 cortes superficiais e seis profundos- desferidos no próprio corpo pelo empresário Djalma Brugnara Veloso, de 49 anos, indicam perda do autocontrole, sentimento de furor, culpa e autoflagelação. Ele foi encontrado morto em uma suíte do Motel Capri, no fim da noite da última quinta-feira . O golpe certeiro foi no coração.

A avaliação é do médico e psiquiatra forense Alan Passos, que atuou 25 anos como legista, sendo os últimos cinco como diretor-geral do Instituto Médico-Legal (IML) de Belo Horizonte.

Passos revela que, durante todo esse tempo, foram poucos os casos de suicídio por arma branca. "Pelo fato de ser muito doloroso e demorado, é raro. Geralmente, o suicida busca uma forma mais rápida, como a arma de fogo ou o enforcamento. Nesse caso, o quadro sugere que a vítima queria infligir sofrimento e dor a si mesma, uma espécie de autopunição", diz Passos.

Segundo ele, um corte feito à faca provoca muita dor e a utilização do instrumento só se justifica por um estado de consciência alterado e, de certo modo, automatizado. "Houve uma repetição quase automática dos golpes, que iam aumentando gradativamente a dor e o sofrimento da vítima, uma autoflagelação", observa.

O médico se recorda de poucos casos de suicídio com facas. Um homem usou um cortador de cana para seccionar a artéria carótida, na altura do pescoço, com um único golpe.

No caso do empresário Djalma Brugnara Veloso, os peritos localizaram 28 ferimentos que, segundo Passos, teriam sido resultado de um estado de espírito atormentado pela culpa e que chegou à morte.

Passos estranhou o ferimento na mão esquerda, que poderia já ter sido provocado quando o empresário atacou a mulher, a procuradora federal Ana Alice Moreira de Melo, de 35 anos.

O médico explica que um adulto tem cerca de cinco litros de sangue. "Com forte hemorragia, a vítima tem um choque hipovolêmico e perde a consciência. Apenas cortes de artérias -carótidas, uma de cada lado do pescoço, ou femoral, nas virilhas e coxas- ou um golpe no coração provocam a morte imediata".


Familiares ainda serão ouvidos pela polícia
As investigações sobre o suicídio ficarão a cargo da Divisão de Crimes contra a Vida, em Belo Horizonte. O inquérito concluído será depois anexado à apuração realizada em Nova Lima, pela delegada Renata Ribeiro Fagundes, responsável pelo caso do assassinato da procuradora.

A delegada informou ontem que após concluir o inquérito, ele será enviado à Justiça com pedido de arquivamento do processo pela extinção da punibilidade (artigo 107 do Código Penal brasileiro) – o culpado não pode ser punido, pois está morto. Além disso, não há qualquer indício de participação de terceiros no crime.

A delegada deverá finalizar o inquérito até o fim da próxima semana. “Geralmente esse é o caminho para esse tipo de desfecho. Se não há quem punir, não existe porque gerar um processo na Justiça”. Segundo ela, que já ouviu a babá das crianças e outras três pessoas, familiares das vítimas ainda devem prestar depoimento.

Segundo o advogado da família de Ana Alice, Murilo Andrade, as crianças devem ficar com os avôs maternos. “Ainda não tivemos tempo para discutir sobre a guarda das crianças, que já estão na casa dos pais da Ana Alice”.

Para a família de Djalma Brugnara, não há explicações para a tragédia. “Ele era muito boa pessoa. Tanto que não tinha um quadro de conflitos em casa, não discutia com a mulher e amava os dois filhos mais que tudo. Eu acho que ele deve ter entrado em desespero, depois de refletir sobre tudo o que havia acontecido, e decidiu se matar”, afirma o médico Flávio Brugnara Veloso, irmão do empresário.

Flávio disse que o irmão era uma pessoa supercarinhosa com todo mundo. “Ele e a Ana Alice não mereciam esse fim. Pelo que a gente sabia, ela nunca havia se queixado dele e os dois viviam pela família”. O médico disse que o irmão nunca apresentou um perfil agressivo.

(*) Com Gabi Santos e Pedro Rotterdan

Fonte:Hoje em Dia

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